Entrave: mentalidade atrasada

Entrave: mentalidade atrasada

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O Brasil sempre foi visto como "o país do futuro", porém nunca conseguiu fazer jus ao augúrio otimista, pois jamais adotou um modelo econômico que culminasse em progresso consistente. Um dos maiores fracassos já deflagrados por governos populistas foi o Estruturalismo, ou Nacional-Desenvolvimentismo, que consiste num planejamento altamente centralizado, com o Estado expropriando percentuais significativos da renda dos cidadãos e alocando-os de forma arbitrária, supostamente objetivando o desenvolvimento de certos setores da indústria nacional, que provavelmente não seriam favorecidos pelos consumidores no mercado.

Tal modelo traz uma série de implicações nefastas para a sociedade: impede uma evolução mais robusta da economia do país ao transgredir o princípio da especialização -- que é algo sine qua non para o desenvolvimento econômico -- já que prejudica a alocação racional dos investimentos no mercado, que os destinaria para os setores com maior potencial de produtividade, possibilitando futuramente uma entrada maciça de divisas, tendo em vista o maior grau de competitividade dos produtos dos setores especializados no comércio internacional, ou seja, o Estado desajusta os processos naturais do mercado, fazendo com que os produtos nacionais estejam em desvantagem na concorrência com os produtos estrangeiros, pois não permite que os setores mais produtivos se especializem, nem gera uma melhora relevante nos setores de menor potencial produtivo; gera uma propensão significativa à construção de pactos espúrios entre o empresariado e o Estado em total detrimento da população e da nação, pois provavelmente proporcionará uma perversa concentração de poder no status quo governista, proveniente de uma ajuda mútua escusa (durante o mandato do governante, os empresários são subsidiados com dinheiro público pelo primeiro e, na eleição, os segundos ajudam o primeiro por meio de generosíssimas doações de campanha, para que possam continuar sendo favorecidos), e gerará uma nociva tendência à formação de cartéis no país, tendo em vista que boa parte dos empresários será "socorrida" pelo tesouro nacional em caso de fracassos na busca em atender a demanda, e também porque, geralmente, o modelo estruturalista é acompanhado de políticas que desencorajam as importações, o que constitui uma forte barreira à livre concorrência; gera inflação, fruto do lado da oferta, que, perversamente incentivada, passa a apresentar queda em eficiência e produtividade (vale salientar que, mais uma vez, quem se prejudica é a população, que se vê forçada a comprar produtos caros e de qualidade ponderadamente inferior, já que o governo impede que produtos melhores e mais baratos entrem no país, com uma carga de impostos que desincentiva importações); diminui o volume absoluto de investimentos, pois, ao impedir que a população tenha acesso a produtos mais baratos, faz com que a propensão marginal a poupar desta caia significativamente, e, se há menos poupança, haverá menos investimento, prejudicando ainda mais os setores produtivos; incentiva o negligenciamento de recursos naturais como água e energia elétrica, pois, muitas vezes, o governo faz uso de uma modalidade alternativa de subsídio, que consiste no custeio de boa parte do consumo desses recursos (no Brasil, cerca de 70% do consumo de água é realizado pelo setor da agricultura, que por sua vez é fortemente subsidiado pelo governo federal), prejudicando todos os habitantes ao gerar altas consideráveis nas contas de água e energia e ao desperdiçar recursos, pois quando não se é responsável pelo pagamento do próprio consumo há uma forte tendência ao desleixo (é interessante refletir sobre as reais intenções do espectro ideológico de esquerda, pois uma de suas variantes é a "defesa incondicional do meio ambiente"; será mesmo que são tão preocupados com a natureza?); pratica um ato extremamente imoral ao desrespeitar de forma descarada a lei de oferta e demanda, retirando coercitivamente parte do patrimônio dos consumidores para favorecer empreendimentos que foram rejeitados pelos próprios demandantes no mercado; endossa a mentalidade de expansão do escopo do Estado, que tem sido tão prejudicial ao mundo, abrindo precedente para a elaboração e concretização de planos equivocados, ou até mesmo escusos e autoritários travestidos de intenções altruístas (vide o que ocorreu nos períodos de guerra em vários países: sob a justificativa da guerra, governos intervencionistas controlaram praticamente todos os setores da economia e maleficiaram seriamente a população); e possui alto custo de oportunidade, pois os recursos aplicados pelo governo, ao fazer uso do modelo estruturalista, poderiam, ao invés de causar tantos danos à economia e ao povo, ser usados em políticas voltadas para saneamento básico e segurança pública, que são âmbitos essenciais para a sociedade e realmente precisam de investimento estatal.

Uma nação como o Brasil, detentora de 516 mil hectares de zona florestal; 98% das reservas de nióbio do mundo; de um potencial elevadíssimo para a geração de energia por meio de biomassa, que poderia diversificar a matriz energética e gerar ganhos sucessivos com o reaproveitamento de resíduos de matérias-primas; e de uma miríade de outras riquezas, poderia ser muito melhor aproveitado sem a incômoda interferência excessiva do Estado na economia, mas infelizmente a mentalidade atrasada que impera no país impede que entremos no rumo certo. Resultado: o Brasil amarga a septuagésima quinta colocação no ranking mundial do IDH; sexagésima nona em transparência; é o décimo primeiro pior país em termos de segurança pública; e está vivendo uma das piores crises de sua história.


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