Consequências econômicas do Populismo

Consequências econômicas do Populismo


O conceito de Populismo está ligado à relação direta com as massas, ou à liderança de massas. Massas estas que teriam sido formadas no processo de industrialização do Brasil. Dessa forma, existe a manipulação das massas trabalhadoras, que está relacionada à presença de um líder carismático e sem intermediação de partido político.

Parece haver um consenso a respeito do conceito de Populismo, porém ocorrem polêmicas e divergências relacionadas ao seu tempo de existência e referência. Dois importantes autores defendem tempos distintos para o Populismo: o primeiro deles, Francisco Weffort defende que o populismo compreende desde a Revolução de 1930 até 1964; enquanto que Octávio Ianni defende que o populismo compreendeu desde 1945, com o fim do Estado Novo, até 1964.

Francisco Weffort defende que, apesar de Populismo e Nacionalismo serem ideologias distintas, elas apresentam algum grau de relação, existindo tanto semelhanças quanto diferenças. A semelhança está ligada ao conceito de povo-comunidade, que está presente no populismo e que os nacionalistas buscam fazer um esforço político para realizar a mesma ideia. Algumas diferenças podem ser encontradas também entre as duas ideologias, pois, enquanto o populismo é espontâneo, o nacionalismo é mais elaborado, e enquanto o populismo apresenta suas origens nas massas, recusando a ideia de partido político, o nacionalismo emerge do Estado. Nessa dinâmica de conceitos entre as duas ideologias, o autor acaba assimilando o Nacionalismo ao Populismo, defendendo que mesmo o Nacionalismo surgindo pelo Estado, acabou tornado-se um populismo teórico.

Weffort ainda defendeu que, dentro do populismo, existe, por um lado, o populismo de direita ou demagogo, encabeçado por Jânio Quadros, Adhemar de Barros e talvez Getúlio Vargas. E, de outro lado, existe o populismo de esquerda, contendo talvez Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, e, com certeza, João Goulart, Miguel Arraes, Leonel Brizola, Francisco Julião e Almino Afonso.

Trazendo para o campo da economia, pode-se identificar o populismo econômico, ou seja, através de uma rápida pesquisa, pode-se encontrar políticas relacionadas ao populismo. Em 1989 os economistas Rudiger Dornbush e Sebastian Edwards publicaram um artigo intitulado Marcoeconomic Populism, onde tentaram escrever a respeito do populismo macroeconômico na América Latina. Os autores defendem que o populismo econômico visa ao crescimento econômico através da redistribuição de renda, políticas fiscais e creditícias expansivas, deixando de lado os riscos da inflação, do déficit orçamentário do governo, das restrições externas e da reação dos agentes econômicos diante de tais políticas, consideradas agressivas e anti-mercado. Os autores classificaram o populismo econômico em quatro etapas, que de forma resumida seriam:

1- Políticas fiscais e monetárias expansivas, aumentando os gastos e incentivando o consumismo, que inicialmente gerariam crescimento da produção, do emprego e dos salários reais;

2- O consumismo foi incentivado na primeira etapa, portanto, houve redução do investimento, sendo assim, o estoque de capital está sendo consumido sem ser reposto, reduzindo a produtividade. Com os produtos se tornando escassos, começa a ocorrer aumento geral de preços, reduzindo o poder de compra da moeda e aumentando o custo de vida. O déficit fiscal do governo piora em decorrência dos subsídios do governo a setores favorecidos. Bens e serviços de utilidade pública, como os combustíveis, que são controlados pelo governo, começam a aumentar de preço, pois o governo necessita de mais receitas. A desvalorização cambial ou o controle do câmbio se tornam inevitáveis.

3- A queda na atividade econômica afeta as receitas tributárias do governo, piorando ainda mais os déficits orçamentários, o governo necessita reduzir os subsídios.

4- Fim do experimento populista com escassez de produtos, inflação de preços em disparada, fuga de capitais, acentuada desvalorização cambial e escassez de dólares.

Portanto, políticas populistas podem gerar crescimento econômico de curto prazo, porém, a médio e longo prazo a tendência é gerar problemas significativos para a economia, podendo ocasionar grandes crises. Essas etapas são cíclicas, e quando se chega próximo à última etapa, ou mesmo nela, os governos populistas buscam meios de colocar a culpa da crise em políticas ortodoxas, defendendo que durante o governo populista as coisas estavam boas.


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