A inflação média do Brasil entre os anos de 1930 e 1980 foi de 2% ao mês, ou seja, o brasileiro pagou uma taxa de 2% ao mês por aproximadamente 50 anos, taxação essa, que é um imposto sem autorização legislativa e, ainda pior, onera a população considerada pobre, pois são as pessoas que possuem menos condições de se defender de tal tarifa. Dos anos 80 para 1994, a média mensal da inflação passa a ser de 16% ao mês.
Foi a maior tragédia distributiva e tributária que o Brasil já teve.
Aprofundando um pouco mais o assunto, percebemos que o desenvolvimento do Brasil esteve alicerçado, sobretudo, em uma extorsão incidente sobre a população mais pobre do país. Talvez, suspeito apenas que talvez, essa seja a resposta para muitos, que ainda perguntam-se a razão ou a causa da infausta distribuição de renda do país.
Um copioso número de pessoas ainda hoje defende que todo o problema inflacionário do Brasil esteve diretamente relacionado a um impulso de ganância do setor privado. Essa ideia está totalmente errada. A prova disso é que o Plano Real (único plano que, depois de muitos, conseguiu a estabilização dos preços) não combateu esse pensamento, e sim a concepção de balbúrdia das contas públicas e desregramento com a impressão de papel moeda. Alguns se perguntam por qual razão a impressão de papel moeda gera inflação. O aumento na produção de dinheiro por si só não altera, por exemplo, a quantidade de máquinas presentes na economia, ou a qualidade da educação da população. Sendo assim, com mais dinheiro impresso, as pessoas teriam mais dinheiro pra gastar e comprariam mais produtos, porém a quantidade de bens na economia continua estável, ou seja, com uma demanda aumentando e oferta estável, a tendência é aumento dos preços para que o mercado retorne ao equilíbrio.
Por incrível que pareça, não podemos afirmar que depois de todos esses anos o Brasil aprendeu com seus erros, pois a conjuntura atual do país exibe uma economia nefasta com uma enorme desordem nas contas públicas, apresentando um quadro de regresso, enquanto tínhamos tudo para progredir. A conjuntura atual é reflexo dos governos passados, principalmente o governo Dilma Rousseff, que instalou um caos total nas finanças estatais. Esse é mais um alerta para os que acreditam que a responsabilidade fiscal não passa de baboseira, ou que o governo pode gastar o quanto achar necessário para “ajudar” a população. Basta olhar para trás, para a história da economia brasileira, para perceber que para não voltarmos a ser roubados pelo imposto que chamam de inflação, devemos sim criar uma responsabilidade em torno das contas públicas, coisa que os governos passados não conseguiram fazer, pelo contrário, desorganizaram tudo.
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