Ciro Gomes (PDT), caracterizado por notório pragmatismo e longa trajetória de defesa dos ideais de centro-esquerda, se candidata pala terceira vez ao cargo de presidente. Sua elevada experiência em cargos públicos, embora tenha se dado majoritariamente antes dos anos 2000, lhe imputa razoável embasamento em suas persuasivas exposições retóricas, utilizadas como um dos principais instrumentos para sustentar sua pretensa credencial para ser um gestor preparado na função executiva federal.
Possui um histórico com elevada frequência de mudança de partidos, quase sempre atrelado à justificativa de supostas discordâncias institucionais que teriam se tornado evidentes pela força das circunstâncias. Além de já ter sido prefeito, governador e deputado, foi Ministro da Fazenda por cerca de 4 meses durante a implantação do Plano Real no governo de Itamar Franco, tendo ocupado o cargo para suprir transitoriamente a ausência gerada por Rubens Ricupero, que saiu por conta de corrupção; e, após ter sido derrotado na eleição presidencial de 2002, exerceu a função de Ministro da Integração Nacional no governo Lula. Se colocou como terceira via social-democrata nos dois pleitos federais que já disputou, em 1998 e 2002, não obtendo êxito devido, em grande parte, às tendências do cenário político, que favoreceram Fernando Henrique, com base no sucesso do Plano Real, e Lula, pela expectativa em sua imagem mística e carismática diante do momento de crise pelo qual passava a economia brasileira.
A atual plataforma de Ciro, consolidada em seu programa de governo, se fundamenta num discurso nacionalista e expressivamente intervencionista. Almeja fortalecer e ampliar programas sociais, revogar reformas estruturais e transformar o Estado na força motriz do desenvolvimento econômico mediante planejamento para fomentar a suposta indústria nascente. Ademais, se destaca em seu conteúdo programático a proposta de refinanciar a dívida dos brasileiros inadimplentes, algo que já ocorre no mercado, mas passaria a ter a força das garantias estatais nas negociações, que em última instância estariam responsabilizadas pelo pagamento caso os chamados "fiadores solidários" não se dispusessem a suprir eventuais calotes. A referida medida vai de encontro ao urgente dever do Estado em sanar seu próprio déficit fiscal, trazendo perspectivas pouco previsíveis.
O presidenciável, contando com apoio do Partido Comunista Chinês, adota uma estratégia razoavelmente distinta das utilizadas em suas últimas disputas, adotando uma retórica mais firme dentro do espectro esquerdista. Tal mudança se deveu, fundamentalmente, à expectativa de que poderia preencher o vácuo de liderança na esquerda nacional deixado por Lula, ao ser preso por corrupção. No entanto, por não representar uma personalidade suficientemente manipulável aos interesses do PT, foi preterido pelo grupo político do ex-presidente. A vitória de Ciro Gomes proporcionaria um ambiente de forte instabilidade econômica, com o agravamento da crise de confiança do mercado em alocar recursos no Brasil e faria o país retroceder ao modelo nacional-desenvolvimentista, diversas vezes testado e fracassado.
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