Jair Bolsonaro (PSL) se impõe no cenário eleitoral como um outsider eleitoralmente forte que, embora não seja dotado de experiência administrativa, tem longa trajetória como parlamentar, caracterizada por razoável grau de independência. Se notabiliza por proferir afirmações por vezes controversas e como um defensor árduo de pautas caras à ideologia de grande parte da população brasileira, que por longo período se encontraram órfãs de representantes relevantes na esfera política.
Tendo transitado por diversos partidos em sua carreira política, se sobressaiu pela defesa da classe militar e por traços de inconformismo com o status quo, embora, em boa parte, pouco embasados. Apesar da elevada frequência de mudanças de legenda, não compôs cúpulas partidárias ou exerceu cargos concedidos por estas, posicionando-se de maneira predominantemente autônoma a respeito das pautas. Sua atuação como parlamentar tornou-se cada vez mais chamativa, sendo permeada pela defesa firme de valores conservadores e de medidas mais rígidas a respeito de segurança pública e impulsionada pela repercussão midiática sobre suas declarações adornadas por expressivo temperamento. Devido ao exótico repertório, passou a ser boicotado por seus colegas de profissão, que barraram grande parte de seus projetos de lei.
O plano de governo do presidenciável contempla tópicos não mencionados por seus concorrentes e denota distinto senso de realidade. É o único em que consta a proposta da flexibilização das regras para o porte de armas de fogo e que discorre a respeito da doutrinação ideológica nas instituições de ensino, propondo combatê-la. A respeito da área econômica, prioriza as privatizações como meio de sanar o déficit público e defende expressiva redução da intervenção estatal, prometendo conceder autonomia ao economista Paulo Guedes, maior entusiasta do liberalismo econômico entre os assessores dos candidatos em tal seara. Apesar de não ser liberal convicto, Bolsonaro conta com razoável grau de confiança do mercado.
Não obstante a sua atual plataforma, Jair é visto com desconfiança por fração do eleitorado e de investidores, tendo em vista o seu retrospecto estatista e radical, composto por, entre outras atitudes, apologias a ícones do regime militar. Tais atos, apesar de parcialmente errôneos, entram em choque com uma fraudulenta e hegemônica percepção a respeito do referido período histórico, que descreve o cenário como um conflito entre movimentos democratas e uma ditadura militar opressora; no entanto, configurou a insurgência prévia de grupos despóticos organizados que intentavam implantar uma ditadura socialista no Brasil e foram estancados por um regime de exceção calcado nas forças armadas nacionais. Tendo rigorosa reprovação entre a maioria dos acadêmicos e pretensos intelectuais brasileiros, a tese apregoada pelo candidato dispõe de grande adesão popular.
A presença do presidenciável no pleito federal, e com tamanho contingente de intenções de voto, é reflexo da forte tendência anti-establishmant que tem acometido não apenas o Brasil, mas diversas nações pelo mundo. Sua postura enérgica contra a descontrolada criminalidade e a subversão dos valores morais fez com que pudesse capitalizar a preferência dos cidadãos, já ensandecidos de sentimentos extremos diante do caos discreto no qual estão inseridos. Estes, ao explanarem apoio maciço advindo de grupos como de negros, pardos e mulheres, se mostram radicalmente destoantes da racionalidade coletivista, segundo a qual o povo é segregado em classes, etnias e opção sexual, sendo guiado em ações e pensamentos por uma única característica, arbitrariamente destacada como relevante por ideólogos partidarizados. Tendo cometido sucessivas precipitações e erros retóricos, figura como um indivíduo espontâneo, autêntico e bastante assemelhado ao perfil do brasileiro médio, antagonizando com atores políticos postiços e majoritariamente unidos, em última instância, no propósito da manutenção dos mecanismos procedimentais do estamento burocrático. Ademais, suas reações e dizeres impremeditados de teor eventualmente pejorativo demonstram ter diminuta relevância frente às suas propostas efetivas para inibir os problemas viscerais dos quais padece o país.
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Acho que você não foi tão crítico quanto deveria. Pegou leve com ele.
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