Marina Silva (Rede), após ter disputado o cargo presidencial em 2010 e em 2014, com forte discurso ambientalista, traz ao pleito de 2018 uma plataforma ligeiramente diferenciada, mais calcada na racionalidade coletivista e em propostas econômicas caras ao mainstream, mas não atenuando a defesa da pretensa sustentabilidade. Sua base retórica apresenta traços difusos que contribuem para a fragilização de seu conteúdo propositivo, traduzida em desempenhos eleitorais erráticos.
A principal estratégia adotada pela candidata converge para o enaltecimento de seu sexo como um fator que a credencia a representar as mulheres brasileiras e pressupõe que estas se pautam em seu modo de agir e pensar com base em sua configuração cromossômica. A fim de corroborar tal investidura, faz uso de repertório eivado de distorções e meias verdades, como o endosso ao suposto fato de que as mulheres são menos remuneradas ao realizar a mesma função laboral que homens, quando na verdade não há nenhum dado que mostre isso, mas sim que há, na média, um patamar 25% inferior em remunerações para o sexo feminino em comparação ao seu oposto; a utilização do pseudoneologismo ideologizado do "feminicídio" para denotar assassinatos de mulheres como se estes fossem necessariamente motivados pelo fato de as vítimas serem mulheres; e ataques deturpadores a seus antagonistas do sexo masculino, de forma a imputar-lhes vergonha ao esboçar oposição e criando o falso pressuposto de que são opressores implícitos, numa lógica dialética. A aposta na referida metodologia de publicidade lhe custou a perda do resquício de conexão do qual dispunha para com parcela relevante do eleitorado, que, ansiando muito mais por propostas efetivas do que por cacoetes proselitistas, raciocina de maneira divergente aos pressupostos segregacionistas da visão marxista da realidade.
Em seu programa de governo, preconiza um planejamento abrangente de intervenção estatal em várias searas da sociedade. Apesar de demonstrar adesão razoável a pressupostos econômicos essenciais, como disciplina fiscal, reformas estruturais, livre comércio e tripé macroeconômico, almeja instituir incisivas políticas de Estado em favor da redistribuição de renda, da centralização da estratégia de segurança pública, do aprofundamento do mecanismo inerente ao ineficiente SUS e da interferência significativa nas relações entre produção e meio ambiente. Atrelada a tal arcabouço programático, se faz presente uma notória expansão das atribuições da União sobre o escopo dos estados e municípios. Apregoa também o reconhecimento jurídico ao "casamento homossexual", que carrega o pressuposto da prevalência do Estado sobre instituições e tradições a ele pré-existentes; defende e faz apologia à preservação prioritária da fauna desde a sua concepção, enquanto relativiza o teor moral do aborto de fetos humanos; e propõe o fortalecimento do sistema de cotas, contribuindo para gerar distorções profundas na matriz de incentivos da sociedade.
A presidenciável, sendo a única mulher entre as candidaturas relevantes, desperdiça a oportunidade de enaltecer o importante papel de seu gênero na sociedade enquanto detentor de proficiências edificantes para esta, que de maneira alguma se inserem em relações de opressão. Ao invés de seguir tal conduta, reforça, mediante mentalidade vitimista e coletivista, estereótipos artificialmente engatilhados no decorrer das gerações. Ademais, sua destacável falta de firmeza em assuntos nevrálgicos, como o aborto e a legalização das drogas, configurada na defesa de plebiscitos para decidir sobre tais temas, expõe sua incoerência para com os categóricos princípios cristãos que afirma defender, algo que culminou na maciça transferência de intenções de voto para concorrentes mais assertivos.
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