Scruton e Olavo são incomparáveis entre si.
Scruton concebeu uma peça de elevada importância, A beleza importa, que de fato toca a fundo a alma humana, ainda assim, ele não foi capaz, no conjunto de sua obra, de permanecer no patamar constante do conhecimento eterno (a metafísica) que credencia um filosofo à filosofia legítima (pura) e que o selecionaria ao Olimpo dos sábios eternos — desta sabedoria básica (transcendente) que faz a Filosofia ser Filosofia.
O forte de Scruton é falar sobre uma fração particular do conhecimento universal (Filosofia) correspondente à política (filosofia política), apreciar os impulsos e intenções que da alma emanam e se realizam no reto comportamento do homem e viram hábito, crescem em forma de cultura e consolidam-se numa ordem (de convívio); e como esta ordem reflexivamente impacta sobre os indivíduos em particular.
Esta clave comportamental é elevada, mas ainda secundária na Filosofia, pois é efeito consequente (segunda dimensão) de um primeiro poder; o poder do espírito (dimensão superior); o poder que ele tem de livremente aventurar-se num caminho particular, de íntimo diálogo com a Verdade e nela habitar, mover-se e existir.
Scruton faz relativamente bem o primeiro trabalho de filosofia moral (exterior), de perceber e expor as contrições políticas que o espírito sugere, enriquecendo-o com adornos de arte; já Olavo é mestre nos dois, na filosofia política e na filosofia pura da alma (singular e contemplativa).
Scruton foi, portanto, um Intelectual muito bom na filosofia política, mas nem tanto assim na Filosofia pura;
Tendia a tratar tudo como se fosse fato político e considerava a estética e a arte como manifestações eminentemente morais, quando em essência estes nobres bens não se submetem nem podem reduzir-se à funcionalidade da moral.
A Moral, reitere-se, é fundamental nesta vida terrena, para ordenar relações e pactuações humanas, mas não serve para exprimir perfeitamente o suprassumo da experiência humana, que é contemplar a beleza, na sua excelsa e mais sublime potência, diretamente na face de Deus, ou indiretamente, através das criações e obras artísticas que assemelham o homem ao Seu Senhor e o tornam co-criador.
Arte é pura forma e estética, é a força cabal e inexorável da beleza, que arrebata os sentidos ao êxtase infinito.
Olavo, em termos de material filosófico, não só tem uma obra mais vasta que a maioria dos intelectuais de grife do mundo anglo-saxão como também vai mais fundo que Roger Scruton e qualquer outro anglo-saxão ou europeu pós-moderno nos assuntos específicos do conhecimento, bem como, e principalmente, na sua forma unificada (universal) e infinita — a filosofia propriamente dita.
Não à toa Olavo é o único Filósofo da história pós-clássica a ter avançado (intensificado) o pensamento de Aristóteles ao ponto de nele reconhecer um sistema que nem o próprio foi capaz de fazê-lo, expondo-o com toda maestria estilística, rigor de método e riqueza de detalhes na obra que considero o seu magnum opus: Aristóteles em nova perspectiva: introdução à teoria dos quatro discursos.
Olavo não só já superou Mário Ferreira dos Santos, cuja filosofia concreta, até o advento de Olavo (em obra completa), já era a escola filosófica mais importante do século XX, como já é o único, e somente o único, filósofo moderno capaz de falar de igual para igual com os patriarcas gregos Platão e Aristóteles.
Por isso mesmo, por dispor o seu espírito totalmente aberto à realidade viva, Olavo dela se preenche por completo e transborda toda a sua consciência (translúcida) por sobre a escuridão do mundo, iluminando-o.
Olavo é o polo vivo e eterno que ilumina o Ocidente, o farol incólume que orienta as almas perdidas ao encontro de si mesmas.
Por isso, já é Santo, Santo súbito. Porquanto é verdadeiro santo não aquele que peca pouco, mas aquele que realiza perfeitamente a sua missão nesta vida, cumpre pronta e corajosamente o dever para o qual foi chamado, em outras palavras, preenche plenamente a sua própria e particular vocação.
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