Quando Dilma foi reeleita, em 2014, sabíamos nós, os conservadores, que não podíamos esperar o término dos quatro anos de um novo mandato que ela acabara de conquistar. Daí então apenas nos restava duas opções: 1. Conseguir a cassação da chapa, o que seria bem mais difícil já que não dependia em nada de nós e sim da Justiça Eleitoral, que nem vamos comentar aqui, mas vocês sabem bem o grau de confiabilidade, em especial do TSE; 2. Enfrentar uma guerra política sem precedentes e emplacar o impeachment da “presidenta”.
Lembro-me bem das duas primeiras manifestações com essa pauta aqui na cidade de João Pessoa, ainda em 2014, que contaram com bem pouca gente e, em grande parte, com pessoas vinculadas a partidos políticos (PSDB e DEM). Somando-se essas duas manifestações, creio que não tiveram público superior a 60 pessoas. Dilma havia vencido nas urnas muito recentemente, numa apuração muito suspeita e contestada, é verdade, mas o fato é era ela a eleita. Por isso o número de público pequeno dessas manifestações nem nos animou e nem tampouco nos desanimou.
Já em 2015, o ambiente nacional favoreceu a realização de uma terceira ida às ruas, realizada em março daquele mesmo ano. Alguns dos organizadores deste evento já se conheciam das duas primeiras e o restante, a grande maioria, começou a estabelecer contato via internet, principalmente por meio do Facebook, e assim foi marcado um primeiro encontro, que foi realizado na Praça João Pessoa, no Centro da cidade. Já ali, apenas pessoas sem vínculo partidário algum compunham o time. Éramos todos tão patriotas quanto amadores, basicamente nenhum de nós havia organizado um grande evento como aquele. Na verdade esperávamos um público infinitamente menor, ter 500 pessoas era a mais otimista expectativa, mas quando chegou o dia da manifestação, mais cinco mil pessoas lotaram o Busto de Tamandaré, além do sucesso total por todo o Brasil. Pronto, percebemos que daria certo, que a mobilização popular tiraria a Dilma do poder.
Naquele momento, a discussão sobre o impedimento da presidente ainda no início do seu segundo mandato, era uma coisa tratada praticamente só entre pequenos nichos da sociedade – inclusive intelectuais conservadores paraibanos, meio que faziam pouco de nós e desacreditavam no sucesso da empreitada. As classes política e empresarial, de uma maneira muito geral, não ousavam até então pautar o assunto. Logo a guerra estava tão somente no nosso colo. E eis que surgiu a convocatória para a segunda manifestação, já em abril de 2015. O grupo, que era formado por pessoas de vários movimentos de direita e também de outras pessoas “avulsas”, havia crescido da manifestação anterior para esta. E, baseados no sucesso da antecessora, pensávamos que esta seria bem maior. O resultado é que menos de três mil pessoas compareceram e em meio à lição de que não é muito estratégico realizar duas manifestações num prazo tão curto, veio também o primeiro “baque”, o primeiro desânimo.
Prosseguimos na luta e, aos poucos, políticos e empresários começaram a pautar o assunto, embora ainda predominasse entre a classe política o entendimento de que ainda não havia um fato jurídico capaz de legitimar o processo. O calor do tema em determinados momentos subia, noutros, caía, e nesse meio tempo muitos guerreiros já tinham deixado a luta, da mesma forma, outros novos chegavam. Veio então a terceira manifestação, em agosto, e a expectativa de grande adesão novamente deu lugar a mais outra frustração: cerca de três mil pessoas novamente e, comparadas ao sucesso da primeira daquele ano, as manifestações pareciam que não decolavam mais. No entanto, entre a classe política, a ideia de impeachment crescia consideravelmente, muito embora também sofresse a variação que víamos na adesão às manifestações de rua: numa hora nós estávamos bem, noutra hora estávamos decepcionados e desestimulados.
Em novembro daquele ano, houve um acampamento em frente ao Congresso Nacional, onde vários grupos e pessoas de todos os estados do país se encontraram para fazer a pressão junto aos deputados federais. Tivemos sim a adesão de muitos parlamentares, muito via pressão mesmo, e a coisa começava a ganhar força novamente: a economia só piorava e as “pedaladas” pareciam inevitáveis, era o fato jurídico que muitos esperavam. Então a “bola” foi tocada para um ferrenho inimigo de Dilma, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Tudo parecia caminhar na direção pretendida, mas Cunha, embora desafeto do PT, tinha o telhado de vidro e vinha sofrendo diversos ataques, enfrentando também pedido de cassação que seria avaliado no Conselho de Ética da Câmara, e lá ele precisava dos votos do PT. Então Cunha fez um acordo com o PT, que compreendia a ordem de retirada do nosso acampamento e, principalmente, os votos a ele favoráveis do PT e, em troca, ele (Cunha) não dava seguimento a nenhum dos muitos pedidos de impeachment já protocolados contra a presidente da República.
Naquele dia, a iluminação do Congresso ficou vermelha e um sentimento de frustração nos veio forte, o maior que já tive em sete anos de ativismo político. Parecia que toda aquela luta tinha dado errado. Mas com a inteligência típica de petistas típicos, os deputados do partido não cumpriram o acordo e assim votaram contra Eduardo Cunha e a este só restou o desejo de vingança, o jogo havia virado novamente a nosso favor.
Voltei a João Pessoa, realizamos em dezembro uma manifestação, a qual nós sabíamos que não seria muito grande e de fato não foi. Assim chegou 2016 e junto com ele vieram também as previsíveis e tão esperadas “pedaladas fiscais”. Em nós veio a certeza de que era só persistir e alcançaríamos a vitória. Manobras de um lado, manobras de outro, igualmente as frustrações, esperanças e desesperanças, o ambiente cada vez mais era favorável à saída de Dilma. Restava apenas uma grande manifestação para sacramentar o fim daquele governo. Em março de 2016 aconteceu no Brasil a maior manifestação popular da história da humanidade, em João Pessoa, por exemplo, vinte mil pessoas tomaram o Busto de Tamandaré para dizer “fora, Dilma”. Em abril, a Câmara votou pelo prosseguimento do impeachment, em agosto o Senado também, e assim o PT estava fora do Executivo Federal após mais de quatorze anos.
Contei um pouco da história, na ótica de alguém que esteve dentro dos movimentos que lutaram pelo impeachment, para poder ilustrar a pergunta feita no título deste artigo.
O processo de impeachment de Dilma pode nos ensinar que esta guerra que vivenciamos hoje, onde todas as instituições atacam o presidente Jair Bolsonaro, será vencida pelo lado que persistir mais, que desanimar menos. Vemos muita gente desanimada com a situação e mesmo com o próprio Bolsonaro, pois esperam reações mais enérgicas por parte dele. Mas, meus amigos, o apoio ao presidente não pode ficar fragmentado, precisa estar coeso, forte e IRREDUTÍVEL. Se não, não adianta chorar depois.
O apoio popular é a principal trincheira do presidente, talvez seja a única. É neste ambiente onde não pode haver recuo, desistência ou baixas. Há nuances distintas entre os eventos de 2014 a 2016 e nos de agora? Claro que há. Mas existem também semelhanças no sentido de que há sempre reviravoltas e num momento é um lado o mais forte, noutro momento é o outro lado o mais forte. No final vencerá quem tiver mais povo ao seu lado. É a estratégia atual da esquerda minar o apoio popular ao Jair Bolsonaro, seja com reiterados bombardeios de “fake news”, seja com incursões de ataques jurídicos e institucionais, tanto contra o presidente quanto aos seus próprios apoiadores. Portanto, o nosso engajamento na luta torna-se cada vez mais um dever e qualquer recuo nesse sentido significa, inevitavelmente, um fortalecimento do inimigo, a esquerda.
Assim como vimos no processo contra a Dilma, muita gente se desmotiva agora, crendo que não há mais pra onde correr e assim correndo da luta. Se cada patriota souber e usar a força que tem, nós construiremos um Brasil melhor, mas isso só depois de muitas batalhas.
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