Carta aberta a Olavo de Carvalho

Carta aberta a Olavo de Carvalho


Olavo afirmou que ninguém, absolutamente ninguém, na gestão do Presidente Bolsonaro tem capacidade para lutar contra o comunismo, mesmo sabendo que alguns dos grandes alunos dele ocupam importantes cargos no governo. 

Com base nesta sua afirmação, desenvolvi a seguinte carta. 

Carta: 

Na condição de antigo aluno seu, sinto-me no dever de abrir meu coração e adverti-lo a respeito de algo que venho percebendo. 

Seria muito contraditório dizer que o COF é um excelente curso de Filosofia (para mim, não há dúvidas de que seja o melhor), mas ao mesmo tempo não reconhecer que alunos da qualidade de Filipe G. Martins e Ernesto Araújo teriam capacidade de fazer o enfrentamento ao marxismo cultural e ao comunismo. 

Segundo o senhor mesmo disse, Ernesto Araújo proferiu o melhor discurso da história do Itamaraty. 

Sabemos bem que não é este fator em si, o da capacidade de falar com conteúdo, que torna o Ministro apto para o cargo que representa; mas é precisamente porque ele reúne em sua personalidade as virtudes fundamentais, intelectual e moral, e consegue empregá-las concretamente no exercício da diplomacia. Assim consegue obter, pois, resultados igualmente concretos que já impactam positivamente na vida política, econômica e cultural do Brasil. Esta ultima realizada em seu esplendor. 

Somos conscientes de que Estado nenhum produz cultura e que ela só o é de fato se for um fruto orgânico: obra das elaborações espontâneas dos indivíduos livres e da comunidade. 

Mas se o poder constituído (o governo) em questão tem a capacidade de contribuir o melhor que puder para proporcionar autonomia a estes indivíduos, ele estaria fazendo um bem e a cultura seria afinal beneficiada. 

Sem querer entrar propriamente no mérito do governo Bolsonaro, não é a qualidade do governo ou da pessoa do Presidente que está em questão. 

O fato em questão é o senhor desconsiderar na sua crítica que o potencial e virtude necessários para o fim a que o senhor almeja (combater o comunismo) estão vivos e presentes em pessoas do governo, em personalidades formadas do seu arcabouço educacional. 

Ernesto está fazendo muito bem a parte dele, e isto se deve ao fato de ter desenvolvido os talentos que tem e afirmado a sua vocação, principalmente através do contato direto com a sua obra, no curso que o senhor ministra. E foi justamente por isto que o senhor chancelou em absoluto e corretamente o nome dele como nosso Chanceler. 

Certamente é o homem público mais culto e preparado que temos. 

Ernesto conta com o auxílio de Filipe G. Martins. Filipe é dos poucos jovens no Brasil em posição de poder que conseguem articular o método filosófico de contemplação e apuração rigorosas da realidade (cultural) com resoluções institucionais coerentemente efetivas. 

Ele ministra um curso de introdução a sua obra e, ademais, o senhor cansou de tecer elogios robustos à pessoa dele, suficientes para nos levar a crer que ele teria todas as condições de fazer um trabalho à altura do COF — que no caso dele é o de identificar os elementos revolucionários nos acordos e tratados de política internacional; os quais acabam refletindo na vida do brasileiro. 

Filipe tem provado que é exatamente aquela pessoa da qual o senhor nos falou. 

Carlos Nadalim, independentemente de que seja ou não um agente político, inegavelmente é um homem de cuja notabilíssima cultura dependem as mamães e papais brasileiros, a fim de que nossas crianças desfrutem de genuína educação e que possam estar preparadas para combater as mentiras do mundo, crescer em verdade e espírito e combater o marxismo na sua forma mais pura — cultural, espiritual! 

Ele também é orgulhosamente um ‘afilhado’ seu. 

Há também Felipe Pedri. Deste eu posso falar com mais propriedade porque é meu amigo. É dos mais antigos conhecedores de sua obra e dos mais ferrenhos defensores do senhor. Definitivamente não há nenhuma pessoa no país que saiba tanto quanto ele empreender a guerra cultural e, de modo especial, que saiba desvendar e anular as sutilezas psicológicas da narrativa gramscista (e neutralizar todas as facetas do processo revolucionário, entre elas o positivismo). 

Por que, então, estas pessoas, que vivem autenticamente a Filosofia, seriam incapazes de lutar contra o comunismo? 

Se o senhor cobra, com razão, lealdade do Presidente da República para com Sarah Winter, Allan dos Santos e cia, enfim, para com os nossos conservadores perseguidos pelo STF, por que o senhor também não mantém a sua sempre altiva lealdade para com seus grandes alunos que contribuem com o Brasil de dentro do governo? 

Denuncie tudo que puder sem freios, culpas e medo. Mas o faça mantendo sempre o senso de Justiça. 

Concordo que o senhor na condição de principal polo intelectual do Brasil deva continuar abrindo rombos nas hordas comunistas e também abrindo os olhos do Presidente para que ele dê o melhor de si e de sua equipe. 

Concordo também com a estratégia que o senhor sugeriu, reforçada sempre pelo meu amigo Rodrigo Sixto, de primeiro o Presidente destruir os inimigos do Brasil para depois empreender as reformas necessárias. 

Entretanto, estes alunos têm feito o melhor possível na sua arte política e estão performando individualmente à altura da alta cultura, amplificando nossa mensagem e ampliando nosso poder. 

Ainda que eu observe o governo com um olhar vigilante, reconheço que com a pessoa Presidente (muito mais que com o próprio governo dele) temos possibilidades que ontem seriam inimagináveis para a direita (e para as pessoas comuns). 

Noto no senhor uma preocupação de se descolar do governo para manter a Filosofia íntegra e não reduzi-la ao nível da política do dia, da política partidária. E que o senhor mantém esta distância do poder para não ser confundido com um ideólogo (e não se rebaixar). 

Compreendo esse seu movimento, mas entendo que ele não pode ser feito de qualquer forma, à custa dos colossais sacrifícios dos irmãos de luta. 

Aprendi com o senhor que o exercício da política é um ato filosófico genuíno. E aprendi também com o senhor que o Filósofo deve dar testemunho da verdade sem temer julgamentos e opiniões, quer sejam dos discípulos, quer sejam dos estranhos. 

Ao Filósofo convém manter-se fidedigno; pois somente ele pode iluminar o ambiente obscuro da Política — e apascentar o público. 

Se as revoluções fazem-se do exterior, as grandes reformas fazem-se do interior — emergem das entranhas da pátria. 

Recomendo ao senhor romper a bolha de convivência grimaldina e repetitiva que já lhe custou perdas e desencontros; e levar sua querida família a reencontrar o Brasil; e lá vocês irão testemunhar juntos o renascimento da civilização, o Brasil Profundo de Gilberto Freyre e Olavo de Carvalho, onde se agiganta o novo Porto-Seguro do Ocidente. 

O Brasil oficial, dos centros urbanos repletos de leis insanas e almas atormentadas pela superficialidade burguesa e pela mentira globalista, agoniza em desespero os seus últimos dias. Enquanto isso, o Brasil Real dos trabalhadores, dos guerreiros e dos poetas pulsa forte a sorrir com esperança. 

Esteja mais perto do Brasil para falar com mais propriedade desse nosso momento. 

Falo assim sem lhe temer porque sou um filho que sempre lhe amou e que já advoga pela sua santidade em vida. 

Deus te abençoe.


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