O conceito de Cidade Inteligente (Smart City), cada vez mais em voga no debate da gestão pública, consiste numa abordagem criativa e inovadora para com a maneira de administrar os serviços públicos municipais. As cidades, sendo a base do desenvolvimento e da vida social mesma, são o que constitui, em última análise, a configuração dos estados e países, logo, as soluções de política pública só poderiam nascer nelas para, depois, impactar os demais entes federativos. É nas cidades e bairros onde o povo possui maior capacidade de fiscalizar os políticos e serviços públicos e de pressionar o poder público, pela proximidade geográfica e hierárquica.
Com o rápido avanço industrial e a defasagem urbana em acolher os trabalhadores vindos da zona rural, diversos problemas logísticos e habitacionais foram originados e, pela letargia do setor público, tornados crônicos nas cidades. A partir de 2007 a maior parte da população mundial tornou-se urbana, chegando, em 2015, a 80% nas Américas, 73% na Europa, 40% na África e 48% na Ásia, havendo, para 2050, a expectativa de que 64% das pessoas estejam na zona urbana em todo o mundo. Por outro lado, ao final de 2014, apenas 40% dos cidadãos em todo o planeta eram usuários de internet, com 90% da população subdesenvolvida sem acesso. Uma Cidade Inteligente precisa aderir em termos práticos à revolução tecnológica, que será uma das principais forças motrizes da solução. Existem dez tópicos que definem a configuração da Cidade Inteligente:
1- Construir uma visão de cidade que respeite a identidade local;
2- Liderança do prefeito;
3- Marco legal mais favorável (soluções tributárias e regulatórias mais flexíveis);
4- Integração horizontal dos serviços em uma plataforma Smart City;
5- Facilitar a disponibilidade de dados abertos;
6- Plano de longo prazo;
7- Implementação de mecanismos de participação;
8- Participação do setor privado;
9- Plataforma aberta, padrão interoperável;
10- Superação de velhos e novos desafios mediante uso da tecnologia criativa.
No caso do Brasil, os maiores problemas reclamados pela população são: ocupação irregular de territórios, falta de saneamento básico, carência de infraestrutura urbana, falta de moradias (favelização), mobilidade ineficiente, periferização da população pobre, poluição e crescimento da economia informal. Para começar a resolver esses e outros problemas, o modelo de Smart City tem muito a contribuir com medidas modernas e eficientes.
Para segurança pública: Centros de Operações, que integrem as polícias e facilitem o fluxo informacional; Conselhos de Segurança em bairros, que facilitem a transmissão de mensagens instantâneas para moradores e policiais residentes da área; videovigilância 3D; sistemas tecnológicos de localização via GPS.
Para saúde pública: disponibilização eletrônica de prontuários; ampliação do acesso à internet nos estabelecimentos de saúde; maior acessibilidade à informação médica via meios eletrônicos (exames, agendamentos, consultas, etc.); campanhas de prevenção; fomento de dispositivos médicos de autocuidado; teleassistência; alarmes e televigilância para paciente em localização remota ou mobilidade comprometida; atendimento domiciliar; aplicativos de alerta a riscos à saúde; georreferenciamento de zonas epidemiológicas; monitoramento e repasse de informação sobre disponibilidade de medicamentos nos centros de saúde.
Para o ensino público: uso de internet, tablets, lousas digitais, etc.; compartilhamento de informações via instrumentos eletrônicos.
Para meio ambiente: economia de energia por uso de fontes renováveis; sensores de gerenciamento e informação a respeito de coleta de lixo e avaliação de cenário ambiental.
Para mobilidade urbana: vigilância no transporte coletivo; detecção automática de acidentes (via radares fixos e móveis); monitoramento em tempo real do trânsito; aplicativos sobre o trânsito vigente, apontando caminhos alternativos; substituição do pagamento em dinheiro por cartões inteligentes no transporte coletivo; semáforos inteligentes, que ajustam o tempo de cada sinal com base no fluxo vigente e monitoram as placas dos veículos, já adotados na cidade de Santos-SP.
Para habitação: instalação de geradores de energia renovável nos domicílios construídos pelo poder público para a população mais pobre e reaproveitamento do excedente energético.
Soluções desse tipo devem ser adotadas seguindo o modelo Smart City, cuja implantação se dá por quatro etapas fundamentais, já adotadas em cidades como Singapura, Barcelona, Amsterdã, Hong Kong, Londres, Tóquio, Nova York, Sidney, Toronto, Copenhague, Bogotá, Berlim e Bonston:
1- Fase vertical: aplicação de tecnologia aos serviços urbanos para melhorar gestão;
2- Fase horizontal: desenvolver plataforma de gestão transversal dos diferentes serviços;
3- Fase de conexão: os diversos serviços verticais são interconectados e começam a operar em uma plataforma de gestão;
4- Fase inteligente: a cidade é gerenciada de forma integrada e em tempo real, compartilhando informações.
Esse conceito, se colocado adiante nas cidades, impulsionará seu progresso, não apenas econômico, mas também social. Em João Pessoa, ajudei a fundar e a difundir a Rede Intelicidades, em 2017, uma iniciativa pautada pela parceria entre universidades, entidades do mercado e Câmara Municipal, realizando diversos ciclos de debates e coleta de projetos para uso de tecnologia criativa para os serviços urbanos, bem como repercutindo na sociedade o modelo Smart City.
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