O segundo debate da segunda-feira (28), realizado na TV Master, evidenciou primeiramente algo inusitado e pouco lógico: a ocorrência de mais de um debate no mesmo dia. O mais razoável e natural é que os debates ocorram mais espaçados entre si no tempo, pois para que não se tornem algo massante para o eleitor, que já enfrenta cerca de três horas de duração, com a participação de candidaturas pouco relevantes, é necessário que ao menos sejam discutidos fatos novos em relação ao confronto anterior, que só podem surgir, logicamente, após um período mínimo de alguns dias. Se o primeiro debate do dia, na Rádio Arapuan, foi bastante quente e movimentado, o segundo foi uma versão mais amena, com um ou outro detalhe adicional.
Como aconteceu no primeiro debate da eleição, na TV Arapuan, o mediador atraiu holofotes para si, mas, se Luís Tôrres chamou atenção por estar confuso e errático, Alex Filho conseguiu ser pior: o apresentador se destacou negativamente com falas desnecessariamente longas, pouco objetivas, lentas e impertinentes, chegando a ocupar mais tempo de fala que cada candidato individualmente no debate. Em termos de destaques dos candidatos, merece ser ressaltado o desenrolar da discussão sobre moralidade entre os principais políticos do pleito. Wallber Virgolino (Patriotas), que já realizou sua apresentação se colocando como o prefeitável mais alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, revelando o prenúncio de que sua postura será quase sempre focada em evidenciar a diferença de idoneidade entre ele seus adversários, continuou a estratégia mostrada no confronto da Rádio, expondo as máculas morais dos principais oponentes e de suas coligações para, na conclusão, mostrar-se disponível ao eleitor como opção diferente. Além de fazer, novamente, o embate com Cícero Lucena (Progressistas), também chamou Nilvan Ferreira (MDB) para a discussão moral, lembrando o processo que este responde em sigilo de Justiça sobre suposta venda de roupas falsificadas e estelionato e mencionando um laudo pericial, com o documento em mãos, que atesta que os produtos investigados de fato são falsificados. Nilvan tentou igualar seu caso às perseguições burocráticas sofridas pelos pequenos empreendedores, Wallber terminou sua réplica chamando-o enfaticamente de "falso", enquanto este treplicou acusando seu oponente de estar "levando o debate para o esgoto", uma tática repetitiva por parte dos candidatos que respondem processo ou possuem aliados que o fazem.
Ademais, foram apresentadas e discutidas propostas sobre diversos temas, com a repetição de sistemáticas já conhecidas pelos telespectadores: Cícero acuado ao ter que responder a todo momento sobre o fato de seus aliados estarem sendo investigados por corrupção, com ênfase ao governador João Azevêdo (Cidadania), seu principal apoiador, mas tentando, sempre que possível, lembrar o que fez como prefeito de João Pessoa; Edilma Freire (PV) enaltecendo os feitos da gestão Cartaxo e prometendo continuidade; Nilvan sempre buscando massificar seus slogans de campanha e apelando, por meio de seu histórico como radialista e apresentador, ao eleitorado de baixa renda; e demais candidatos, coadjuvantes, tentando se destacar com a citação de algumas propostas específicas e mesclando suas participações com alfinetadas pontuais aos protagonistas da disputa eleitoral, com o propósito de atrair para si os holofotes, como ficou evidente no caso de João Almeida (Solidariedade) com Wallber, de Ruy Carneiro (PSDB) com Cícero e de Raoni Mendes (DEM) com Edilma.
Este pode ter sido um dos últimos debates do primeiro turno na disputa pela prefeitura de João Pessoa, já que algumas emissoras têm sinalizado que não realizarão debate, apresentando a justificativa de que não acham pertinente que o evento ocorra com tantos candidatos e, por ser juridicamente inviável realizá-lo apenas com os "principais", apontam como saída a não realização.
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