Quando estamos em uma situação potencial e futura de perigo capaz de ameaçar, danificar ou até mesmo destruir coisas valiosas das nossas vidas, passamos a nos conscientizar acerca da potencialidade de um risco. Por exemplo, o autor do livro Crimes de perigo abstrato, de Piarpaolo Cruz Bottini, observa que o risco “é o adjetivo que se coloca ao agir humano diante do perigo” (ou da sua possibilidade). Nesse passo, percebe-se que sem a iminência de perigo não há risco.
Assim, fica fácil compreender que risco, por uma análise simples, pode ser definido como a probabilidade de um resultado real de alguma atividade que o seu resultado final se torna diferente do esperado. Segundo Raffaele De Giorgi, o risco é o médium utilizado pela sociedade para representar o futuro e para produzir/manter vínculos com esse futuro, sendo aquele configurado como uma modalidade de distribuição e suportabilidade dos maus e não dos bons e que tem como referência a incerteza, o não saber, a fatalidade.
Os avanços da sociedade e os progressos alcançados, sem dúvida, foram responsáveis por grandes conquistas dentro da ciência e economia, mas, também, precisamos observar que as transformações promoveram reflexos nas relações sociais. Tal situação foi percebida por Ulrick Beck, autor do livro Sociedade de Risco, que pontua com maestria a conexão entre riscos e o futuro, sob a seguinte ótica: “Riscos não se esgotam, contudo, em efeitos e danos já ocorridos. Neles, exprime-se, sobretudo, um componente futuro. Este baseia-se, em parte, na extensão futura dos danos atualmente previsíveis e, em parte, numa perda geral de confiança ou num suposto “amplificador do risco”. Risco tem, portanto, fundamentalmente que ver com a antecipação, com destruições que ainda não ocorreram, mas que são iminentes, e que justamente nesse sentido, já são reais hoje”.
Considerando que estamos dentro de um ano eleitoral, em que definiremos os nossos representantes municipais, podemos certamente pegar a visão de Ulrick Beck acerca da previsibilidade de eventos futuros, que no que diz respeito à sociedade de risco, para adotar o conceito de “política reflexiva” a fim de evitar a distribuição de malefícios para sociedade no que diz respeito à corrupção, ela que traz consequentemente um custo social e político. A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) calcula que os custos da corrupção chegam a 5% (cinco por cento) do faturamento bruto mundial, alcançando a marca de 2,6 trilhões de dólares.
O Brasil no ranking de percepção de corrupção de 2019 da Transparência Internacional, entre 180 países e territórios, aparece no 106º lugar, posição que envergonha o nosso país. As causas que fomentam esse nível de corrupção no Brasil podem ser compreendidas pela concentração de poderes políticos e econômicos, o grau de desigualdades sociais e de oportunidades. Todos esses fatores são determinantes, embora colocados aqui como exemplos, para a composição e causação do complexo fenômeno corrupção.
Diante das considerações acima, apresentada a forma como os riscos permeiam os avanços dentro da sociedade e tendo em conta que a própria eliminação completa da corrupção na sociedade é certa utopia perseguida, a pergunta que se faz é: como encarar o combate à corrupção nos termos da sociedade de risco?
A resposta a esta questão reside na reconfiguração organizacional e no aperfeiçoamento operacional do combate à corrupção por meio de mecanismos de integridade e medidas anticorrupção efetivas, utilizando fatores de mudança de cultura, líderes (políticos) preparados e íntegros, assim como o envolvimento da sociedade e de corporações privadas no combate aos atos de corrupção. O seu voto tem poder de mudar essa realidade!
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