Uma visão conservadora sobre o Multiculturalismo

Uma visão conservadora sobre o Multiculturalismo


O termo multiculturalismo vem ganhando destaque nos debates que ocorrem no âmbito político-social há maios ou menos 30 anos. Segundo seus defensores, trata-se da integração, aceitação e tolerância entre as mais diversas culturas. Mas o que os conservadores clássicos pensam sobre isso? 

Essa palavra parece ser bastante sedutora, se a levarmos ao pé da letra, quem se oporia a que diversas culturas possam viver harmonicamente? Até mesmo dentro da tradição conservadora e liberal é uma ideia muito bem aceita. Essa tradição propôs uma natureza humana universal, regida por uma lei moral universal da qual o Estado emergiu com a anuência do governado, logo, as pessoas possuem os mesmos direitos universais para viver em sociedade independentemente de cor, cultura, religião ou quaisquer escolhas pessoais, inclusive os estrangeiros; desde que aceitem seguir as leis e respeitem os costumes estabelecidos. 

Graças a essa cultura construída pelas ideias liberal-conservadoras, que se difundiram no Ocidente, o pertencimento social não depende mais da filiação religiosa, dos vínculos raciais, étnicos e de parentesco, e dos “ritos de passagem” pelos quais as comunidades depositam suas pretensões no espírito de seus membros, ao protegê-los contra a contaminação de outros costumes e de outras tribos. 

O resultado disso foi a abertura ocidental para imigração, mesmo que essa abertura não tenha sido proporcionalmente bilateral. 

O multiculturalismo passou a ser tomado como um problema no momento em que o politicamente correto resolveu se apossar do termo. Em vez de recebermos outras culturas, mantendo nossas leis e costumes, devemos marginalizar os costumes e crenças que herdamos, e até mesmo descartá-los, para nos tornar uma sociedade “inclusiva” em que todos os recém-chegados se sintam em casa, independentemente de qualquer esforço de adaptação ao novo ambiente que os cerca. 

Essa posição foi incitada em nome do politicamente correto, que tem andado de mãos dadas com o tipo condenável de progressismo. O politicamente correto age com uma linguagem agressiva que nos coage a ser tão “inclusivos” quanto pudermos, a não discriminar nem em pensamento ou em palavra, muito menos a agir deliberadamente contra as minorias étnicas, sexuais, religiosas ou comportamentais. O mundo vem observando esse movimento nos últimos anos com as últimas de crises de refugiados. Os progressistas, usando do politicamente correto, fazem grandes esforços para que os ocidentais anfitriões aceitem a Shariah, legislação muçulmana de caráter civil-religioso. 

Esses tipos de ataque ocorrem não somente com povos estrangeiros, mas também com os militantes de pautas identitárias. Hoje, na academia, é quase obrigatório aderir ao movimento feminista, racialista ou de identidade de gênero, o que vem gerando no meio acadêmico toda sorte de pseudociências como uso de gênero neutro ou afro-matemática. Teorias absurdas, mas, dado o grau de coerção, poucos possuem a coragem de combatê-las. 

Os nossos jovens são facilmente seduzidos com essas ideias. O discurso de igualdade e inclusão substitui uma sociedade baseada em antigas crenças inspiradas na religiosidade, no discernimento e no vínculo histórico. Os jovens recebem e aderem a novas crenças nas quais são instruídos de que reprovar outros estilos de vida é crime, não importa que estilo seja esse. 

No fim das contas, se o objetivo fosse apenas substituir um sistema de crença por outro, haveria uma abertura para o debate racional. No entanto, o propósito é substituir uma comunidade por outra. Seria derrubar a tradição ocidental e colocar no lugar dela uma outra cultura.


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