O intelectual que desprezar o fenômeno do "indo-europeísmo" e os períodos históricos da antropologia genética vai ser incapaz de compreender a fundo e com precisão o cenário político dos próximos anos.
A ciência genética explica a influência da genética na estruturação do individuo, ao passo que a antropologia histórica se vale da ciência genética para explicar a estruturação da sociedade.
Um grande problema de hoje é que os estudiosos desconsideram a importância do tema para as avaliações de cenário cultural e, por consequência, do quadro social e político.
Dugin reina nos estudos em geopolítica entre os teóricos progressistas (marxistas) justamente por dar considerável importância ao tema, assim como Olavo o faz, ainda com maior intensidade e cuidado, pela parte dos teóricos clássicos.
Dugin é o principal teórico do Eurasianismo. O Eurasianismo não se trata apenas de uma teoria expansionista casual relativa ao Governo de Putin, ou de um pseudônimo contemporâneo do comunismo soviético: é uma teoria social ampla, que possui o seu elemento politico-ideológico (neocomunismo marxista e hegeliano), mas também antropológico: a ideia de que a Rússia é o celeiro dos primeiros indo-europeus, povos arianos, e de que Moscou é a nova Roma; e que assim, como herdeira dos primeiros grupos patriarcais civilizados, deverá governar o mundo até o fim (essa tese de distinção étnica entre os asiáticos também justifica os avanços de Pequim).
Dugin fundamenta o componente antropológico de sua teoria na tese de George Dumézil, filólogo e um dos escolados que possuem uma teoria sobre a origem histórica dos indo-europeus e que defende que eles surgiram no Volga, na Rússia. Em oposição, por exemplo, a Ivanov e Gamkrelidze, filólogos que defendem a tese de que eles surgiram entre a Anatolia e o Levante, no Oriente Médio (tese que acredito). Compreender esse tema, pois, significa compreender os planos russos para a ordem mundial.
Quando Olavo critica a raça como uma ideia pervertida e tipicamente modernista, ele não está a contestar o seu conceito em si (de etnia e raça), e sim a ideia, contaminada pelo cientificismo, de que as raças são fatores determinantes (em nível absoluto) para explicar pessoas e povos.
Estudar raças e etnias é dar importância igual a todas as culturas, o racismo está na ideologização do tema ao de cogitar absurdamente a superioridade moral/supremacia de uma raça sobre outra.
O assunto tem grande valor cultural, é de grande relevância para a ciência psicológica e para a Filosofia Natural, ao esclarecer, como defendia o grande psicólogo húngaro Leopold Szondi, o impacto que os ancestrais exercem na formação do caráter e da personalidade humana, através das características e tendências psicológicas que se entrelaçam e se transmitem na teia consanguínea que constitui cada individuo.
Genética nada mais é do que a transmissão e compartilhamento de personalidades por entre os antepassados, em que o coito não só gera vidas, mas preserva, condensa e até intensifica o tônus vital e de personalidade (o resíduo comum e familiar) nas novas vidas geradas.
A relação da genética com pré-disposições físicas e intelectuais, tendências de comportamentos e as tomadas de decisões do indivíduo é e sempre será fator de influência para moldar a hierarquia da sociedade.
Reis, os primeiros líderes políticos e guerreiros, têm maior chance de gerar outros reis. Fazendeiros, descendentes que irão tocar o gado. E assim por diante.
As castas continuam a existir como estrutura de fundo da sociedade e em muito resultam da genética.
Num contexto político-moral saudável, a genética, ao invés de inibir, estimula e fortalece a mobilidade social do ser humano, porque proporciona autoconhecimento.
Elas, as raças e suas influências, vão sempre existir na constituição da personalidade individual e no consciente coletivo de um povo. Precisam mormente ser ordenadas pela Lei Natural e Justa.
Saber qual teu haplogrupo, por onde andou teu primeiro ancestral e patriarca, se ele era um agricultor, um caçador-coletor ou um guerreiro, ajuda-te a entender de onde vêm teus gostos, como está teu presente e o que poderás ser.
O racismo é a degeneração, é uma distorção dos estudos raciais e genéticos ao considerar maior valor moral de uma raça em relação a outra, transformando a raça, um bem relativo, numa arbitrariedade que fere a dignidade humana.
Meu querido amigo Paulinho Sanchotene certa vez questionou-me: “Não seria a cultura que permite observar a genética?”. No que respondi que sim, mas que a genética condicionaria reflexivamente a cultura.
A questão é que o assunto infelizmente está banido do debate público por conta da histeria que impera nos meios intelectuais formais; em função da ditadura do politicamente correto, especialmente no meio acadêmico.
Então, assim como em outros temas, não se consegue avançar no que a antropologia genética pode (e deve) influenciar nas situações reais da vida humana – e política!
Os dados e informações que ela traz PRECISAM ser colhidos e sua importância, devidamente respeitada. Negligenciá-la é negar a história do homem e das nações.
Falar da importância da economia, mas marginalizá-la, permitindo que apenas a cultura a explique, não seria isto mesmo um ato negligente, anti-intelectual e anticultural? Pois o mesmo sentido aplica-se à antropologia genética.
As vozes ancestrais transportadas pela genética sussurram e sugerem à consciência, afetam a vontade e ajudam a construir as decisões do homem (decisões relativamente livres), que se refletem nas decisões da comunidade.
A Política está no sangue do povo.
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