Resenha: Veredas da Liberdade

A valorosa obra de Eitel Santiago de Brito Pereira, um dos maiores expoentes vivos da intelectualidade paraibana, possui em seu conteúdo nuances biográficas, poéticas e sobretudo filosóficas. Esta última faceta é evidenciada não apenas pelos aspectos mais humanos das vidas de grandes pensadores contemplativamente narrados pelo autor, mas também pelas instigantes reflexões sobre o sentido da vida em suas mais variadas fases que transcorrem o livro e arrematam, ao final, o imaginário do leitor. É essencialmente tal tópico que coroa os demais, pois sem o questionamento que transcende a realidade material todo o resto perderia o sentido.

As numerosas percepções sobre vida e morte, de Augusto dos Anjos a Stephen Hawking, apesar de diversas entre si, apontam involuntariamente para a grande necessidade de sentido e razão que todos os seres humanos carregam em sua mente, sendo o grande elefante existencial na sala da realidade que nem mesmo os mais céticos e descrentes conseguem suprimir, autoconduzindo-se, por vezes, para o leviatã estatal ou meros prazeres efêmeros como preenchedores de tal lacuna. Todos os distintos intelectuais também possuem em comum as experiências, dramas e dilemas pessoais que enfrentaram no decorrer de sua existência, com alegrias e aflições, que apontam para a soberania do consentimento de Deus por meio da bênção do livre-arbítrio, possibilitando à humanidade a tomada constante de decisões independentes, impactando a vida uns dos outros e remodelando o trajeto: da harmoniosa tranquilidade do Éden, à companhia visível do Criador, para a tempestuosa jornada de dores, trabalho e mortalidade.

Todo e qualquer detalhe das histórias aponta para a perfeição e infinita grandeza de um Deus pessoal, imutável e eterno: desde o aborrecimento de Augusto dos Anjos, diante da indiferença com que fora tratado, que o fez sair de sua terra natal, a Paraíba, até sua consagração pós-morte; da fase juvenil contemplativa de Waldo Lima do Valle até sua atividade enquanto poeta filósofo e acadêmico da UFPB; da perda precoce da mãe de Castro Alves, quando este tinha 12 anos, passando por seus amores juvenis que ornamentaram seu talento poético no romantismo, até a fatal tuberculose, ainda no ardor de sua pouca idade; e do potente ímpeto de Stephen Hawking pela ciência, que fundamentou as grandes conquistas de suas descobertas cosmológicas, até a manifestação da esclerose lateral amiotrófica, ainda jovem, contra a qual lutou e venceu por décadas, não obstante a perda dos movimentos e da fala. Tudo subsiste no Criador, de tal forma que é errôneo afirmar que Ele apenas "existe", já que isso implicaria um status filosoficamente passivo perante a realidade. Em verdade, Deus é, Ele é a própria realidade onde absolutamente tudo se dá.

Ao ressaltar a ululante fugacidade da vida, Eitel demonstra também a distinta propriedade de quem vivenciou o drama recente da quase morte, ao enfrentar a Covid-19 em 2020 e vencê-la contra fatores que só agravavam suas chances. Sob cuidados médicos zelosos e precisos, somados à incansável corrente de oração de sua família e amigos, pôde nos agraciar com seu testemunho de fé e com esta obra literária especial de uma maneira simples e verdadeira, como sempre foi o Senhor a quem servimos.

"Em nossa fugaz existência, podemos percorrer muitos caminhos. Alguns até levam às transitórias glórias terrenas. No entanto, se queremos nos desvencilhar dos grilhões da morte, para vivermos eternamente em espírito, desfrutando da luz e do amor de Deus, precisamos caminhar pelas veredas da liberdade reveladas nos ensinamentos de Jesus". - Eitel Santiago.

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