A NECESSIDADE DO ENGAJAMENTO CRISTÃO NA POLÍTICA
No meu texto de estreia aqui no Blog, vamos tratar sobre um tema que, há pelo menos 8 anos, tem tomado parte significativa da minha atuação enquanto cristão, cidadão e ativista em defesa do direito à liberdade religiosa.
POR QUE O CRISTÃO DEVE SE ENVOLVER COM ASSUNTOS POLÍTICOS?
Durante muito tempo ouvimos falar, quase que como um mote uníssono, até no próprio meio evangélico, que o cristão não deveria se envolver com a política, pois a política é lugar de corrupção e o crente não deve se relacionar com isso para não se corromper.
Acho que ninguém discorda de que na política há sim muita corrupção, entre outras mazelas – assim como há, infelizmente, em todas as áreas da vivência humana. No entanto, dar as costas para algo tão importante é um grave equívoco.
A política é um fato, algo que salta diante de nós na realidade. Vimos isso de modo mais cristalino ainda no contexto da pandemia. Sim, os assuntos que impactam diretamente o nosso dia a dia, tais como: preços de alimentos e combustíveis, fechamento ou abertura de igrejas, entre outros, por vezes, nada mais são senão decisões políticas, tomadas em gabinetes e casas legislativas, por políticos que conduzem os rumos do país, dos estados e dos municípios.
E na política não existe vácuo de poder nem espaços vazios. Logo, se as cadeiras dos poderes da república e dos espaços de tomada de decisão da sociedade não estiverem sendo ocupadas por pessoas verdadeiramente tementes a Deus, certamente logo serão apossadas por outras que possuem visões de mundo das mais diversas. Cosmovisões, inclusive, que muitas vezes são diametralmente opostas aos princípios, valores e crenças do cristianismo. Neste sentido, vale a pena relembrar a clássica máxima da sabedoria grega proferida por Platão, “o castigo dos bons que não fazem política é serem governados pelos maus que a fazem”.
O QUE CRISTO E A PALAVRA DE DEUS NOS ENSINAM?
A Bíblia está repleta de passagens que nos impulsionam a influenciar positivamente o contexto no qual estamos inseridos com bons valores e princípios pautados na Palavra. Foi o próprio Senhor Jesus Cristo, no conhecido sermão da montanha, que nos orientou a ser luz num mundo obscuro pelas trevas do pecado, ou seja, fazer a diferença neste mundo diante de tantas injustiças e erros. Ele disse que a nossa luz deve brilhar de tal maneira neste mundo “para que os outros homens vejam as nossas boas obras e glorifiquem ao Pai que está nos céus” (Mateus 5:16). Eis uma grande responsabilidade: dar testemunho de um verdadeiro cristão, aonde quer que estejamos!
E aqui vale ressaltar que, para um verdadeiro cristão, todas as áreas da vida – e não somente a área “religiosa” – precisam ser vividas para a glória de Deus, incluindo as esferas familiar, acadêmica, profissional, bem como enquanto cidadão de uma polis, isto é, no gozo dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres na esfera pública. Abraham Kuyper, um notável político cristão holandês do século XIX, disse que "Na extensão total da vida humana não há nenhum centímetro quadrado acerca do qual Cristo, que é o único soberano, não declare: Isto é meu!".
Neste sentido, quando falamos sobre o engajamento do cristão na política, não significa defender que todo mundo, em todas as igrejas, precisa se candidatar e virar um político. De maneira alguma. Isso certamente seria um desastre, pois há pessoas com dons e talentos diferentes para contribuir com o Reino de Deus aqui na terra em diversos segmentos. Ademais, há outras diversas formas de atuar politicamente sem, necessariamente, ter um cargo político ou eletivo. O que colocamos aqui é que o cristão precisa se atentar para o que acontece na esfera política e não agir com indiferença sobre assuntos que impactam diretamente as nossas vidas, a vida do nosso próximo e até mesmo o nosso contexto enquanto Igreja.
Sendo assim, o nosso posicionamento político, os nossos atos na sociedade e os nossos projetos de relevância pública, precisam levar em consideração o que Deus diz na sua palavra. Caso contrário, estaremos incorrendo em hipocrisia e desobediência.
Como estamos escolhendo os nossos governantes? Como estamos contribuindo para a nossa sociedade enquanto luz do mundo? Como estamos agindo diante do ataque sistemático que os cristãos sofrem por suas posições? Eis algumas questões para reflexão.
LIBERDADES DE EXPRESSÃO E DE RELIGIÃO SOB ATAQUE
Por mais que alguns segmentos antirreligiosos da sociedade, tais como partidos de esquerda, grande parcela da mídia, pretensos “intelectuais” e até mesmo grandes empresas de tecnologia (big techs) queiram calar a voz dos cristãos no debate público, censurando-os ou taxando-os de intolerantes e preconceituosos, precisamos recordar que vivemos sob a égide de um Estado democrático de direito que garante (ou, ao menos, deveria garantir!) o pleno exercício das nossas liberdades individuais, como o direito à liberdade de expressão e de religião.
A nossa Constituição Federal de 1988, Lei Maior da nossa nação, traz no seu Artigo 5º, entre diversos outros direitos e garantias fundamentais: a livre manifestação de pensamento: “IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”; a inviolabilidade das liberdades de consciência, crença e religião: “VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”, “VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”; e a liberdade de expressão, tão ultrajada ultimamente no nosso país: “IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.
Devemos fazer valer essas liberdades. Clamar por elas. Não será uma minoria, por mais barulhenta que seja, que irá calar nossa voz. Nas palavras do grande jurista e professor Dr. Ives Gandra da Silva Martins: “Têm, os crentes, voz ativa, assim como os não crentes, e podem expor e lutar por suas convicções, principalmente no que diz respeito a “direitos humanos” e “individuais”, conforme os padrões morais da religião que professam, os quais a história tem demonstrado serem superiores aos daqueles que não acreditam em nada, senão na própria existência e na moral pessoal por cada um formatada. Estes tendem a ser mais relaxados, condescendentes em relação a tais princípios”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por tudo que foi exposto, à luz dos ensinamentos que Cristo deixou para nós através da Sua Palavra, bem como diante dos direitos, garantias e liberdades individuais previstos na nossa Constituição Federal e especialmente no contexto vivenciado atualmente, enquanto cristãos precisamos nos engajar na esfera pública, tomando conhecimento daquilo que acontece ao nosso redor e buscando sempre uma posição acorde com os valores bíblicos.
Não podemos ser omissos ou ingênuos. Não se trata de teorias conspiratórias, mas, sim, de evidências que exigem um veredito: todo esse ataque do sistema faz parte de uma guerra espiritual!
Como diz uma frase viralizada no meio cristão recentemente, “Nós, CRISTÃOS, estamos falando de política hoje para não sermos proibidos de falar sobre JESUS amanhã”.
Pense nisso!
S.D.G.
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É disso que se trata! Sem o engajamento ficamos à mercê daqueles que não nos representam!
ResponderExcluirÓtima análise! Esclarecedor a respeito do papel do cristão na política.
ResponderExcluirExcelente, Rafael! É mesmo uma responsabilidade de todo cristão. O caminho mais fácil (e largo) nesse caso é a omissão. E muitos estão indo por ele. Mas prossigamos, parabéns pelo artigo 👏🏻
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