O debate televisivo da TV Arapuan, ocorrido apenas um dia depois do primeiro, na TV Manaíra, o que naturalmente leva à repetição de muitos cacoetes retóricos e teses, tendo em vista a falta de fatos novos em tão pouco tempo, mostrou aprimoramentos na performance da maioria dos candidatos, em termos da exposição de suas respectivas narrativas.
Os embates tiveram mais "trocação" em relação ao anterior, expondo "telhados de vidro" de oposicionistas, algo que havia acontecido quase que exclusivamente com João Azevêdo (PSB) no primeiro debate. O governador parece ter forjado uma espécie de antídoto contra menções a escândalos de corrupção ligados à sua gestão ou à que participou como super secretário, cujo governador era Ricardo Coutinho (PT): citar investigações das quais seus adversários ou aliados deles são ou foram alvo. Um exemplo disso foi o que fez com Nilvan Ferreira (PL), que repetiu a toada do outro debate, dessa vez citando a Operação Calvário, que investiga o maior caso de corrupção da história da Paraíba, de forma muito perspicaz, colocando o governador na berlinda sobre seu antigo aliado e padrinho político Ricardo, que virou "adversário": se João chamasse o ex-governador de corrupto, estaria se complicando, já que era seu homem de confiança, e se dissesse que ele não cometeu ato de corrupção, estaria se colocando na posição de "advogado" de um político inelegível e participante de áudios comprometedores com negociatas obscuras obtidos pelo Gaeco e divulgados em rede nacional. A sacada do governador foi tergiversar e lembrar do famoso caso da suposta prática de estelionato pelo radialista, que teria anunciado a venda de roupas de marca em uma loja sua quando na verdade vendia produtos não originais, muito explorado na campanha de 2020. Algo parecido aconteceu com Pedro Cunha Lima (PSDB), herdeiro das chagas políticas da Operação Famintos, que investiga desvio de dinheiro público que financiava merendas escolares ocorrido na gestão de Romero Rodrigues (PSC), seu parente e aliado, em Campina Grande. Quem explorou isso foi o ex-aliado de João, Veneziano (MDB), sem ser rebatido.
Nilvan reinvestiu nos cacoetes bolsonaristas, massificando a ideia de ser o representante do presidente no pleito, e aprimorou suas já bem executadas críticas ao governador, usando expressões fáceis de assimilar e de lembrar, como "João do imposto", fazendo uma importante menção ao fato de o chefe do Executivo estadual estar brigando na Justiça para manter impostos altos sobre combustíveis, mesmo durante grave crise internacional. Também refinou o discurso pró-mercado, algo que vem apresentando desde 2020 para buscar uma maior aceitação (ou menor rejeição) no eleitorado de classe média e alta, aparentemente resistente a ele em boa parte, lembrou os horrores do lockdown promovido por João e teve uma boa sacada ao citar um programa promissor de Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais, que coíbe um problema constrangedor pelo qual o governador confessou durante o debate ter passado: contratar uma empresa que quebrou durante a execução do serviço.
Pedro, que havia passado pelo primeiro debate quase ileso, sendo pouco atacado, mostrou-se bastante vulnerável a determinadas questões, como a de escândalos ligados a seus aliados mais relevantes e o fato de ter votado contra a PEC dos Benefícios, proposta pelo governo federal, que viabilizou o pagamento de programas sociais para classes mais vulneráveis aos efeitos da crise internacional até o final de 2022. Sua alegação parece não convencer nenhum público numeroso, pois ser supostamente contra o uso de recursos públicos para impulsionar candidaturas em ano eleitoral, algo pelo qual seu próprio pai e líder político teve o mandato cassado (com o agravante da irregularidade), não justifica negar amparo a necessitados. Esse calcanhar de Aquiles também foi explorado por Veneziano, seu rival direto em Campina Grande. Ademais, o deputado insistiu na narrativa tecnicista, dando a entender que tem planejado executar programas inovadores na Paraíba que estariam sendo bem aplicados em outros estados.
O ex-prefeito da Rainha da Borborema saiu um pouco mais do discurso genérico tecnicista apresentado no primeiro debate, partindo mais para o ataque, como fez com Pedro, inclusive contra João, trazendo à tona uma grave deficiência de seu governo: o descumprimento de diversas promessas de campanha e a escassez de obras públicas concluídas por sua gestão. O campinense também engrossou suas críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em diversos momentos e foi mais enfático em seu vínculo com Lula (PT) para a campanha deste ano.
O Major Fábio (PRTB), destaque entre os candidatos nanicos, expôs mais o seu vínculo com o candidato a senador Sérgio Queiroz (PRTB) como forma de imputar a si mesmo ares de maior relevância e competitividade eleitoral do que aparenta ter e revelou seu lado bolsonarista, defendendo programas do governo federal. Postura acertada para ganhar um pouco mais de atenção qualificada do eleitorado que em tese busca cativar. Apesar desse acerto estratégico, o ex-deputado voltou a afagar os nanicos extremistas de esquerda e repetiu cacoetes corporativistas, talvez na tentativa de ganhar a simpatia dos policiais militares, criticando o governador pelas soluções tardias ao impasse com eles e repetindo chavões de seus líderes políticos, recheados de meias verdades. Isso é uma grave vulnerabilidade do "militarismo político", pois os fardados são constitucional e até politicamente submissos ao governo de ocasião, como ficou negativamente explícito durante o auge da pandemia, com o cumprimento irrestrito das arbitrariedades tirânicas pelos "homens da lei", que viraram "homens do decreto". A maioria dos PMs votará no governador socialista por ele ter firmado acordo para atender suas reivindicações classistas?
Ao contrário do Major, Nilvan soube aproveitar bem os embates obrigatórios com os candidatos defensores assumidos de regimes genocidas, refutando com simplicidade as mentiras contra Bolsonaro massificadas por setores da mídia esquerdista reproduzidas pela adversária do PSOL e contrastando sua narrativa pró-mercado com o estatismo radical do adversário do PSTU. Ademais, merece destaque positivo a exposição que o apresentador da TV Correio promoveu sobre a defesa do aborto feita por lulistas, algo que deveria ser realizado rotineiramente para desqualificar moralmente tais políticos, que alardeiam um moralismo falso para atacar inimigos.
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