O escritor nicaraguense Sergio Ramirez, que vive exilado na Espanha por causa da perseguição da ditadura de Daniel Ortega, disse que o silêncio do governo brasileiro é desconcertante, porque o presidente Lula, amigo e aliado do ditador da Nicarágua, não condena publicamente o regime. Em votação na Organização dos Estados Americanos (OEA) o Brasil se absteve na votação para condenar a ditadura de Ortega.
“Até agora, para mim, é muito desconcertante a posição do presidente Lula, porque é um silêncio demasiado visível e notável”, disse Ramirez, em entrevista ao G1.
Durante as eleições, Lula foi à Justiça Eleitoral para impedir que a antiga relação com o ditador fosse citada na campanha eleitoral. Em debate, ele próprio admitiu que sentiu orgulho de comemorar a revolução ao lado de Ortega.
Ex-aliado de Ortega, de quem foi vice-presidente entre 1986 e 1990, Ramirez, 80 anos, perdeu a nacionalidade nicaraguense no mês passado, com outros 316 opositores do regime comunista nicaraguense, implantado a partir de 2007, quando Ortega se elegeu para o segundo mandato.
Atualmente, o ditador está no quarto mandato consecutivo e todos os opositores têm sido perseguidos, calados e presos. A Igreja Católica e a imprensa estão na linha de frente da perseguição da ditadura nicaraguense. Ganhador de importantes prêmios literários, como o Cervantes, Ramirez disse que rompeu com Ortega quando ele passou a trilhar o caminho da violência, e não da democracia.
Esquerdista, Ramirez lembrou que governos de vários países da América Latina, de esquerda ou de direita, já condenaram o regime de Ortega. Mas não o Brasil. “Na votação da OEA, o Brasil se absteve de condenar Ortega e tampouco disse uma só palavra. É uma situação que me desconcerta muito, porque Lula conhece muito bem a situação da Nicarágua”, declarou o escritor ao G1. “Não se pode dizer que Lula ignora que o país vive uma deriva autoritária, que a Nicarágua transformou um sonho revolucionário em ditadura.”
O escritor, tentando amenizar a culpa de Lula pela omissão, disse acreditar que “alguém o aconselhou de que não deve falar, porque Ortega é um governo de esquerda”, mas lembrou que outros governantes esquerdistas, como Gabriel Boric, do Chile, e Gustavo Petro, da Colômbia, já condenaram publicamente o regime.
Na entrevista, Sergio Ramirez chegou a dizer que o governo de Jair Bolsonaro — que condenava duramente a ditadura de Ortega e durante o qual ninguém foi preso ou perseguido — era autoritário e, por isso mesmo, tinha muita esperança em Lula. “Nós vimos com muita esperança o regresso de Lula ao poder, porque representa um regresso à democracia, em contraposição a um governo autoritário como o de Bolsonaro. Celebramos esse triunfo da democracia, de Lula. Por isso, é muito desconcertante a sua posição.”
Questionado se Lula poderia ser um mediador para um diálogo entre Ortega e os opositores, Ramirez disse que, “antes de falar de diálogo, o governo do Brasil deve se pronunciar em respeito à democracia na Nicarágua e à barbárie que significa retirar a cidadania de nicaraguenses que se opõem ao governo”.
Fonte: Revista Oeste.
Aviso: nós do blog Pensando Direita estamos sendo perseguidos por políticos e seus assessores nos grupos de WhatsApp! Garanta acesso ao nosso conteúdo clicando aqui, para entrar no grupo do WhatsApp onde você receberá todas as nossas matérias, notícias e artigos em primeira mão (apenas ADMs enviam mensagens).
Clique aqui para ter acesso ao livro O Brasil e a pandemia de absurdos, escrito por juristas, economistas, jornalistas e profissionais da saúde conservadores sobre os absurdos praticados durante a pandemia de Covid-19, como tiranias, campanhas anticientíficas, atos de corrupção, inconstitucionalidades por notáveis autoridades, fraudes e muito mais.
Postar um comentário
Cadastre seu e-mail na barra "seguir" para que você possa receber nossos artigos em sua caixa de entrada e nos acompanhe nas redes sociais.