UMA ANÁLISE DO DEBATE DA TV MASTER

UMA ANÁLISE DO DEBATE DA TV MASTER

O segundo debate da disputa pela prefeitura de João Pessoa em 2024, sendo o primeiro da campanha eleitoral propriamente dita, foi conciso. O notório caso envolvendo um cancelamento repentino na agenda de campanha de Ruy Carneiro (Podemos) em razão de uma suposta ameaça de um narcotraficante que domina um bairro periférico da cidade foi explorado logo no início e se tornou uma das principais pautas do evento.

Os candidatos oposicionistas traçaram à exaustão paralelos entre o incidente envolvendo Ruy e a operação Mandare, da polícia federal, que apura supostas ligações da prefeitura com o crime organizado, inclusive através de indicações para cargos comissionados. No intento de se defender, Cícero Lucena (PP) lembrou da condenação judicial sofrida por Ruy a "20 anos de cadeia" por peculato, fraude e lavagem de dinheiro, ressaltando que, pela lei, pessoas que possuem esse tipo de antecedente não poderiam assumir cargo comissionado na prefeitura. Uma boa sacada. Isso não diminui o peso negativo de uma investigação de tamanha envergadura, mas tira o entusiasmo do eleitor na crença de que há uma alternativa diferente em Ruy, que, como o próprio Cícero vem ressaltando, "não é novo na política". 

Marcelo Queiroga (PL), que havia ido mal no primeiro debate, conseguiu piorar a performance. Além de ter gerido mal o tempo de fala, desperdiçando quase 50 segundos em uma das primeiras aparições no debate e extrapolando o limite diversas vezes, longe de terminar o raciocínio, teve uma fala despretensiosa que virou alvo de sátiras dos adversários. Ele, tentando se defender da pecha de desconhecedor da própria cidade, afirmou que "quando era criança" andou por locais célebres de João Pessoa. Quem mais fez chacota com isso foi Luciano Cartaxo (PT), expondo que o adversário há muito tempo não vivencia o dia a dia da cidade. Queiroga tem tido a imagem pintada pelos oponentes como elitista e sem conteúdo, também por repetir muito a temática da saúde, na qual teoricamente é proficiente, mas sem apresentar propostas objetivas, com dados precisos e passo a passo para execução. Ademais, reafirma demasiadamente o que parece ser um slogan clichê: "pode confiar". É intuitivo que quem é confiável não precisa ficar lembrando que é alguém confiável a todo momento.

Cartaxo, ao que parece, usa sua ideologia de forma reativa, apenas quando provocado no tema. Quando confrontado por Queiroga nesse campo, repetiu mentiras propagadas pela imprensa tradicional sobre a direita e os bolsonaristas, como a falácia sobre "golpe" e "não aceitação do resultado da eleição". Seu foco é em questões municipais, aproveitando seu histórico como prefeito. Desta vez, no entanto, Queiroga não se limitou à seara nacional no embate com o petista, lembrando sorrateiramente que o ex-prefeito "se uniu à operação calvário". Cartaxo mordeu a isca e saiu em defesa de Ricardo Coutinho, seu coordenador de campanha e marido de sua vice, mesmo o nome dele não tendo sido citado. Isso mostra que Luciano tem total ciência do ônus de ter o ex-governador em sua equipe, mas o que pesa contra na conquista do eleitorado moderado pesa a favor na tentativa de fidelizar a militância do partido e os eleitores mais ideológicos.

Para passar mais credibilidade às promessas, Cartaxo tem focado muito em construções e obras da época de seus mandatos como gestor, o baluarte preferido dos governantes, pois é o que mais chama atenção, está exposto no dia a dia dos eleitores, diferentemente dos elementos intangíveis, como a eficiência do gasto público, a qualidade do ensino e a do atendimento nas unidades de saúde, por exemplo. Tais aspectos até foram mencionados no debate para atacar Cícero, como a queda na avaliação pelo Ideb e a "administração familiar". Nesse âmbito Luciano não economizou na fantasia, chegando a dizer que no seu tempo de prefeito o ensino público era "quase do mesmo nível do da Suíça". Tal absurdo foi rebatido por Cícero, que trouxe à memória do público a derrota eleitoral retumbante, em 2020, de sua então candidata à sucessão, Edilma Freire, que era secretária da Educação de seu governo e foi muito mal votada.

Apesar da tentativa de intrometimento na polarização entre o prefeito e o ex-prefeito, impulsionada pela pauta policial da semana, esse protagonismo dualista parece ter se mantido. 

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