Em uma recente sessão do Senado Federal, o senador Sérgio Moro fez comentários sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8, que busca restringir o poder das decisões monocráticas dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Uma decisão monocrática ocorre quando apenas um ministro emite uma determinação que passa a valer imediatamente, independentemente da necessidade de votação do colegiado do STF. Embora o colegiado deva eventualmente apreciar a decisão, a validade imediata da decisão de um único ministro pode gerar instabilidade e insegurança jurídica, visto que cada juiz pode interpretar a lei de maneira subjetiva e variada.
Moro argumentou que, embora a insegurança jurídica seja um problema relevante, não deve ser vista como o maior desafio do sistema judiciário brasileiro. Ele alertou que uma maior uniformidade nas decisões judiciais não garante que essas decisões sejam justas ou benéficas para a sociedade. Se essa uniformidade ocorrer à custa do descumprimento da lei, como já acontece em várias situações, a estabilidade das decisões se torna ainda mais problemática. Nesse cenário, o que se observa é uma espécie de "juristocracia", onde a interpretação da lei pode se desviar do que está escrito, criando uma situação de desrespeito ao Estado de Direito.
A PEC 8, embora considerada uma iniciativa tímida do poder legislativo contra o judiciário, representa um passo significativo para limitar o poder individual dos ministros e reforçar a importância do colegiado na tomada de decisões. A ideia é que, ao exigir que decisões controversas sejam votadas por mais de um ministro, a responsabilidade se torna coletiva e, portanto, mais pesada. Moro destacou que essa mudança pode ser um fortalecimento do colegiado em detrimento da individualidade, embora tenha suavizado seu discurso para evitar um embate direto com o STF.
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